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Depressão: Ela não existe só em Setembro Amarelo.

Atualizado: 9 de dez. de 2020

    Uma dor invisível não quer dizer que não possa ser sentida. Em muitos momentos de nossas vidas, nos deparamos em várias situações onde uma dor estranha, às vezes incompreendida, nos toma conta, nos dominando por um bom tempo, dias, semanas, meses, anos. Sem forma, sem local, às vezes sem razão. Sem ânimo para fazer as coisas do dia a dia, ficamos à mercê de pensamentos horríveis e tristes, algumas paranoias de vez em quando. Sofremos com ansiedade de coisas básicas. Tentamos mudar e correr atrás da “felicidade”, mas falhamos e retornamos a sentir aquele buraco que não conseguimos preencher.

    A depressão é algo sério. Uma doença que afeta nosso cotidiano, nossos pensamentos e comportamentos. NÃO é preguiça, nem falta do que fazer. Temos inúmeros casos de depressão, alguns até de famosos, como por exemplo: Michael Phelps, Robin Willams, Padre Marcelo Rossi, Selton Mello, Jim Carrey, e a lista segue.

    E como um grande exemplo escolhi a J.K. Rowling, a autora dos livros de sucesso mundial, Harry Potter. Esta teve idealizações suicidas após a separação de seu primeiro casamento. Sem muitas condições sustentáveis, carregando um bebê, Rowling corria atrás de algo melhor, mas como ela mesma disse “Eu era a maior fracassada que conhecia”. Foi recusada em várias editoras pelo fato de ser mulher. Porém, contudo, entretanto, todavia, ela conseguiu contornar e se tornou a primeira autora a lucrar bilhões com seus livros.



Mas afinal o que é depressão?

    Segundo o DSM-V (O Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), seu nome é chamado de Transtorno Depressivo Maior (TDM). Para ser diagnosticado com esta doença é necessário apresentar 5 sintomas de basicamente 10, por pelo menos 2 semanas. Alguns deles são: humor deprimido na maioria dos dias, perda de interesse ou prazer em todas (ou quase todas) as atividades na maior parte do dia, alteração no sono ou na fome, tanto para mais quanto para menos, e alguns outros sintomas. Ela pode vir acompanhada de ansiedade, inquietação, medo de que algo ruim aconteça.

    Ela pode ser caracterizada em diversos níveis, de leve a grave, alterando pela quantidade de sintomas apresentadas em cada uma, às vezes não é fácil de perceber, pois ela pode esta escondida, onde a pessoa é mais “faladora” que o comum, ou então com envolvimento maior com atividades que possam trazer consequências ruins.

Há também uma relação biológica, onde o cérebro acaba produzindo uma quantidade menor de serotonina, o neurotransmissor da “felicidade” (CUIDADO, esta nem sempre é a causa), sendo tratada com medicamento. Vitamina D, também pode ser usada para tratamento.

    Existe maior índice de relatos de mulheres com idealização suicida, o número de homens com essa idealização é baixa, porém, a quantidade de pessoas que conseguem consumar o ato acaba sendo o inverso. Pois o homem ao invés de externalizar esse sentimento, trazendo uma alta quantidade de homem que cometem suicídio em comparação com as mulheres. Como mostrado na pesquisa de Leticia e Marilisa em sua pesquisa: “Mortes por suicídio: diferenças de gênero e nível socioeconômico



Pois bem, mas se é uma doença cheia de sintomas e tratamentos, por que ainda é vista como “baboseira”?

    Muitos ainda não sofrem ou não sofreram com depressão. Estes, em sua maioria, acabam não conseguindo entender esse sofrimento criando, assim, um preconceito sobre ela, confundindo esses sintomas com a personalidade da pessoa, dizendo que é “frescura”, preguiça, falta do que fazer, etc, negando-se a ajudar ou tentar compreender tal doença. Todo doente necessita de atenção e acompanhamento, sem isso, não há muitas chances de superação.

     Temos tantos exemplos em filmes e séries, como: As Vantagens de Ser Invisível, Pequena Miss Sunshine, O Lado Bom da Vida, Os 13 Porquês, Bojack Horseman, cada um mostrando esse transtorno de maneiras diferentes. Até nos quadrinhos a doença é mencionada, existe uma história excelente do Deadpool, onde o anti-herói aconselha uma menina que queria se suicidar, com seu jeito sarcástico e louco. Ele consegue ajuda-la e a encaminhar para quem tem capacidade de trata-la. Uma pequena história hilária e tocante. Recomendo a todos, apesar de, infelizmente, ainda não estar traduzida em português (quem quiser ler em inglês, deixarei nas referências).

    No filme Se Enlouquecer, Não Se Apaixone, mostra de maneira inicial uma visão peculiar da depressão, e com uma narrativa romântica, porém muito realista, mostra como o protagonista Craig, enfrenta a doença, além de apresentar outros personagens com doenças mentais e consegue nos cativar.

    É claro, não podemos esquecer também da polêmica série e livro Os 13 Porquês (13 Reasons Why). A série é feita especialmente para este tema, uma menina que comete suicídio por causa de bullying deixa 13 fitas explicando o motivo de ter tirado sua vida. Com sua narrativa pesada e densa, podemos entender com bastante facilidade seus sentimentos. A segunda temporada consegue ainda mostrar o legado que ela deixou, além de outros preconceitos e tabus.



Mas então todos que apresentarem estes sintomas tem o transtorno?

    Segundo DSM-V os sintomas são:

1- Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias;

2- Diminuição do prazer ou interesse em quase todas atividades do dia a dia, quase todos os dias;

3- Alteração no peso sem estar em dieta, ou alteração no apetite;

4- Alteração do sono;

5- Alteração no psicomotor;

6- Fadiga ou perda de energia;

7- Sentimento de inutilidade ou culpa excessiva, quase todos os dias;

8- Indecisão, ou diminuição na capacidade de pensar ou se concentrar;

9- Pensamentos de morte recorrentes.

    Sem falar nos sintomas físicos e emocionais, como descrito no início do texto. Como havia dito antes, é necessário apresentar 5 dos sintomas descritos no DSM-V, mas todos podemos passar um estágio de depressão na vida. Quando perdemos algum ente querido e passamos por um momento de luto, estamos com estresse acumulado e podemos perder alguns interesses e prazeres em coisas do cotidiano. Todos estão sujeitos a passar por um momento de depressão. Principalmente no luto. Esta fase da vida é dividida em 5 estágios:

1- Negação, estágio onde a pessoa nega tudo em relação ao assunto;

2- Raiva, estágio onde os sentimentos de revolta e injustiça tomam conta;

3- Barganha, este a pessoa começa a negociar com ela mesma, para compensar a perda;

4- Depressão, sintomas semelhante com o TDM, humor depressivo, perda de interesse e prazer em certas coisas;

5- Aceitação, aqui é o ultimo estagio, como o próprio nome diz, é aceitado a perda e seus sentimentos, trazendo uma melhoria no sujeito.

   Lembrando que estes estágios não irão aparecer em sequência, nem quer dizer que todos passarão pelos 5 estágios.



Alguma última mensagem?

    Não se desespere ao ter lido este texto, não se preocupe muito. Se você se identificou com alguns dos sintomas descritos acima, procure alguém especializado neste assunto, um psicólogo ou um psiquiatra. É difícil enfrentar sozinho os “demônios” internos, procure seus amigos, família e vizinhos, eles podem te dar apoio, te ajudando a sair do fundo do poço. Se você acha que está no fundo do poço, lembre-se que só em um caminho para sair, e você tem a força para sair do poço.

    Sempre gosto de terminar meus textos com uma frase ou alguma menção de filmes ou séries, porém, esse assunto é delicado e o sentimento pode ser diferente para cada um. Tenho inúmeras opções para esta situação, mas escolhi aqui uma simples, com palavras tranquilas, mas com o coração no lugar certo e no momento certo, ela pode ter força e emoção:

"Em minha opinião, toda a vida é uma pilha de coisas boas e... coisas ruins. As coisas boas nem sempre compensam as coisas ruins, porém as coisas ruins nem sempre estragam as coisas boas ou as tornam menos importantes."

By_ Doctor.


Referencias:

DSM-V, Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição.

Leticia Marín-León e Marilisa B. A. Barros, (2003). Mortes por suicídio: diferenças de gênero e nível socioeconômico. https://www.scielosp.org/pdf/rsp/2003.v37n3/357-363


Edit: YahVarella

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