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Epilepsia: Está Mais Próximo Que Imagina

Atualizado: 8 de jan. de 2021

Algumas pessoas, por motivos sem causa aparente, podem começar a parecer dormir de olhos abertos, como se estivesse desligada, ou até mesmo convulsionar, tremendo todos os músculos de seu corpo de maneira agressiva. Mas afinal de onde vem estes sintomas? Os dois são epilepsia?

Com a parceria de LEPIPR (Epilepsia Curitiba e Região) trago aqui algumas informações sobre este distúrbio que atinge a vida de milhares de brasileiros.

O Que é Epilepsia? Quais são seus sintomas?

Segundo o site da LBE (Liga Brasileira de Epilepsia), epilepsia é uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, emitindo sinais incorretos causando os sintomas logo mais descritos. Elas podem durar segundos ou até minutos.

O site OPAS (Organização Pan-Americanas da Saúde) também nos informa a quantidade de pessoas atingidas por este distúrbio, aproximadamente 50 milhões de pessoa pelo mundo e pelo menos 5 milhões nas Américas.

Os sintomas mais conhecidos são: espasmos, contrações involuntárias por quase o corpo todo, aumento na quantidade de saliva, crises de ausência (momentos onde a pessoa perde a consciência por um breve momento) e diminuindo suas funções motoras, fechamento da glote que impede a respiração, morder a língua. Dentre outros sintomas menos conhecidos seriam: distorções de percepção, medo repentino, desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente e perda discreta de memória.

Estes sintomas, como dito no começo do texto, podem durar de segundos a minutos, normalmente eles fazem com que a pessoa perca a consciência e/ou fiquem com sono, caso essas crises duram mais de 30 minutos sem recuperar a consciência, podem ser prejudiciais para as funções cerebrais.

Causas e Estigma

Aproximadamente 3 milhões de pessoas no Brasil passam por dificuldades em seus relacionamentos sociais e profissionais por causa da epilepsia. Normalmente a causa pode ser desconhecida, mas sua origem pode ser resultado de ferimentos ou impactos sofridos na cabeça, Acidente Vascular Cerebral (AVC), traumas no parto, uso de substâncias, drogas lícitas e ilícitas e álcool, até sintomas comórbidos de Transtornos Mentais (principalmente Transtornos de Neurodesenvolvimento).

Muitas vezes estas pessoas recebem um estigma e estereótipos sociais que trazem desconforto e problemas no convívio dentro da sociedade. O artigo Percepção de Estigma na Epilepsia de Fernandes e Li (2006), traz uma análise bem completa da origem deste estigma, explica que este distúrbio é muito relacionado a crenças e mitos, como se a pessoa com crise epiléptica estivesse possuída por um demônio ou algo maligno, explica também os motivos deste estigma, por conta de sua natureza imprevisível e dramática, assim, trazendo medo na sociedade de lidar com uma pessoa tendo crise epiléptica, causando assim o afastamento de seu convívio, sofrendo medo, vergonha, dificuldade de se relacionar, não conseguindo emprego, não se sentindo aceito e com dificuldade de formar uma família.


Tratamento e Cura

O tratamento mais aceito é na base de medicamentos chamados anti epilépticos, que ajudam a diminuir e controlar a quantidade de crises. Existem tratamentos alternativos, como uma dieta especial diminuindo carboidratos, em alguns casos até mesmo cirurgia é uma alternativa. Uma pessoa pode passar anos após o tratamento sem ter episódios de crise epiléptica, esta pode ser considerada curada. A epilepsia pode ser prevenida também, com um bom acompanhamento pré-natal, controle de doenças cerebrovasculares como hipertensão arterial e diabetes, o que leva a redução de acidentes cerebrais assim prevenindo casos de epilepsia.


Famosos com Epilepsia

Muitos figurões foram diagnosticados com epilepsia, Dom Pedro I, imperador e responsável pela independência do Brasil, começou a ter epilepsia a partir dos 13 anos, mas se manteve em hiato durante alguns anos. No artigo de Gome e Chalub (2007) são descritos vários relatos de suas crises de epilepsia. Machado de Assis, escritor negro reconhecido mundialmente por suas obras na literatura também sofria com este distúrbio. Tendo se iniciado na infância e agravado pouco depois da adolescência, temos comprovações disso com as cartas que Assis mandava para seu amigo Mário de Alencar. Vincent Van Gogh importantíssimo pintor com seus quadros expressionistas a óleo, apresentava um quadro clínico psiquiátrico complicado, envolvendo depressão, ansiedade, esquizofrenia e paralisia. Sua epilepsia é diferente das conhecidas, atacando o lobo-temporal, ela causa alucinações auditivas, desconforto gástrico, alterações olfativas, visuais e gustativas. Van Gogh também usava abusivamente de bebidas de alto teor alcoólico, como absinto, o que pode ter agravado sua situação.


Epilepsia não é um monstro de 7 cabeças, nem é algo incomum. O objetivo deste texto é apresentar mais sobre este distúrbio com tantos estigmas, mas existe pouco contato com a maioria da população, o que dificulta nossas atitudes e considerações. Não é impossível de viver com epilepsia, com o tratamento correto, ela pode ser vista com outros olhos, mas é necessário passar por inclusão e educação para aqueles que não conhecem.



Dantas, F. G.; Ribeiro, C.D.; Júnior, W. R. S. (2008). Epilepsia em celebridades. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, 14(2), 71-75. https://doi.org/10.1590/S1676-26492008000200006


Gomes, M. M. (2006). História da epilepsia: um ponto de vista epistemológico. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, 12(3), 161-167. https://dx.doi.org/10.1590/S1676-26492006000500009


Guilhoto, L. M. F. F.; Muszkat, R. S., & Yacubian, E. M. T. (2006). Consenso terminológico da associação brasileira de epilepsia. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, 12(3), 175-177. https://doi.org/10.1590/S1676-26492006000500011


Fernandes, P. T.; & Li, L. M. (2006). Percepção de estigma na epilepsia. Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology, 12(4), 207-218. https://dx.doi.org/10.1590/S1676-26492006000700005


Marchetti, R. L.; Castro, A. P. W.; Kurcgant, D.; Cremonese, E.; Gallucci N. J. (2005). Transtornos mentais associados à epilepsia. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 32(3), 170-182. https://dx.doi.org/10.1590/S0101-60832005000300009


Gomes, M. M.; Chalub, M. (2007). Dom Pedro I of Brazil and IV of Portugal epilepsy and peculiar behavior. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 65(3a), 710-715. https://doi.org/10.1590/S0004-282X2007000400033






Edit by_ YahVarella

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